segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A menina do cabelo azul [24] - Vou facilitar para você!

- Miga, aconteceu uma coisa...
- Jura, Pietra? Nem suspeitei, afinal, super normal ligar as três da madrugada. – Falou Manu com voz de sono.
- Eu não estou conseguindo dormir. Não aguento mais, preciso falar com meu pai.
- Que bom amiga. É uma decisão importante.
- Só que você não sabe...
- O quê, mulher? – Manu falou impaciente.
- Não queria ir sozinha. E quando pensei em uma companhia, o primeiro que veio a minha cabeça foi Carlinhos.
- Carlinhos ou Carlos?
- Carlinhos, meu amigo. Isso não é assustador? O meu namorado que tinha que vir a minha mente!
- Não acho.
- Não acha?
- Eu que devia vir a sua mente. – Manu brincou.
- Para Manu! Estou nervosa. Nesse tipo de situação eu queria aquela sensação de segurança sabe? Aquela que amigos homens passam.
- Eu entendo nega. E isso é estranho mesmo.
- Eu tenho que terminar com o Carlos. Foi um erro. Eu não sei onde estava com cabeça. Não pensei direito. Na época fazia tanto sentido. Hoje parece tão “nada a ver” a gente junto.
- Eu avisei... – Falou Manu com voz fina.
- Sério que tu falou isso?
- Não resisti. – Manu deu uma risadinha maldosa.
- Você não esta ajudando. – Deu uma pausa e voltou ao rumo da conversa - Já faz uns dias que penso nisso e quando estou com ele, simplesmente não consigo terminar. Não dá. O que eu faço?
- Primeiro tu tem que se acalmar criatura. É de madrugada. O que você vai resolver agora? Com quem vai falar? Ninguém. Então chega de tensão! Bora! Respira fundo. Não vou te ajudar enquanto não se acalmar. - Pietra respirou fundo e passou a mão nos cabelos tentando se distrair.  - Esta se acalmando?
- Acho que sim.
- Ótimo! Dica pra tu: quando estiver confusa, com vários problemas, resolva-os um por um. Como degraus, um de cada vez até você chegar ao bem estar. Às vezes esse resolver não é necessariamente solucionar o problema, mas saber como pensar sobre ele na sua cabeça. Quando resolvemos na nossa cabeça, ele não nos afeta mais. Já conversamos sobre isso.
- Mas como vou resolver?
- Costumo fazer isso orando. Oro por áreas da minha vida, e dentro de cada área vejo os motivos para agradecer e para resolver. Aí Deus me dirige, cara, é surreal. Ele me faz sentir como devo me posicionar, se tomo uma atitude ou esqueço, se vejo com outros olhos, se peço ajuda... É maravilhoso.
- Acho que eu posso tentar. Ouvir isso já me fez bem.
- Deus não vai sentar do seu lado e conversar literalmente, apesar de estar com você aí agora. Mas que Ele fala, não há dúvidas. E Ele quer e não vê a hora de falar com você. Você só tem que estar disposta e atenta.
- Vou fazer isso, você é genial Manu. Obrigada!
- Obrigada nada. Dia desses te ligo as três da madruga, tu vai ver.
- Nossa, que vingativa!
Manu começou a rir.
- Você que é demais, te amo sua chata.
- Também, boa noite!




Era uma segunda, o final de semana tinha sido cheio para as meninas. A última vez que se falaram direito foi de sexta para sábado, durante a madrugada.
- E aí, nega? Aquele negócio? – Manu chegou e sentou do lado da amiga na sala, a aula não tinha começado.
- Deus me ajudou. Consegui resolver na minha cabeça, como você disse.
- E...?
- Quanto ao meu pai. Vamos conversar na sexta, já marquei com ele. Ele ficou bem surpreso. E enquanto isso, vou orando. Sinto que preciso desses dias de preparação. Estou um pouco ansiosa, mas impressionantemente, em paz.
- Ótimo. Achei sábio. Essa é uma das marcas de Deus, sabia? De quando Ele aprova algo: a paz!
- Nossa, é muito bom me sentir assim! É incrível a diferença que a oração faz.
- E quanto ao Carlos?
- Estou orando pra Deus me dar força, oportunidade ou uma outra saída. No final de semana não nós vimos, ele viajou para casa de um tio. Quero fazer isso pessoalmente, é o mínimo. Se conseguir, é claro.
- E quanto a isso, esta em paz?
- Um pouco apreensiva quanto a falar com ele, confesso. Mas acho que não teria como. É um término, né? Querer que seja super light é difícil. Mas quanto à decisão, sinto paz, sinto que é o certo...
Pietra abaixou a cabeça, olhando para o lado. Manu desconfiou que a amiga não tinha falado tudo que queria.
- E o que mais?
- Ainda queria que Carlinhos fosse comigo... – Olhou para o lado -  Mas não acho legal fazer isso enquanto ainda estou namorando. Não pega bem.
- Quer que eu e o Caio estejamos lá?
- Seria bom. – Pietra segurou a mão de Manu e seu celular vibrou, escorregando do bolso. Manu segurou no reflexo, quase deixando cair.
- Desastrada! – Elas riram.
- Olha aí, deve ser minha mãe.
Manu olhou, arregalou os olhos e virou a cabeça.
- Uau!
- O que foi?
- É, acho que não vai ser problema você ir com Carlinhos...
Pietra pegou o celular da mão de Manu e olhou a mensagem: “Pietra, vou facilitar pra você. Foi bom enquanto durou, mas já chega. Acabou. Ass: Carlos”.



Continua...

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