- Que
faculdade você vai fazer? Já se decidiu, Caio?
Caio pensava
em inúmeras opções desde o começo do ano e nunca se decidia, eles já estavam em
novembro, logo iriam se formar, o cerco estava fechando. Ele tinha que decidir.
Manu, que conhecia sua indecisão, perguntou sem esperar novidades. Mas, foi exatamente
isso que teve:
- Quero uma
federal, mesmo que seja em outro Estado.
“Mesmo que
seja em outro Estado”? Aquela frase ecoou pela mente de Manu, ela vivia tão
envolvida com a história de Pietra, com as coisas da igreja que se esqueceu dessa
preocupação tão comum a fase que vivia: o futuro. Psicologia era sua preferência,
não se imaginava em outro curso, ter essa escolha feita já a tranqüilizava muito.
Todos tinham feito o Enem e estavam esperando o resultado que sairia em janeiro
para poderem escolher o rumo de suas vidas. Esse era outro problema de Pietra,
cada semana ela queria um curso. Manu dava “Graças a Deus!” por Carlinhos ter
aparecido e esse assunto ter ficado com ele. Ele tinha muita paciência.
Depois do
que aconteceu com Carlos, Pietra ficou uns dois dias sem ir à escola. Manu se
preocupava, mas Pietra não facilitava. O lado bom disso era que Manu tinha mais
tempo com Caio, ela olhava pra ele e não acreditava que estava acabando a
escola, que passou tão rápido, que eles não se veriam mais todos os dias. Mas
ir para outro Estado? Ela não esperava isso, perguntou tão despretensiosamente,
que essa resposta pegou-a totalmente de surpresa. Se eles queriam ficar juntos,
como ele considerava estudar em outros Estados? Isso não fazia sentido para ela,
não naquele momento. Um silêncio longo ficou entre eles.
- Sério?! –
Foi a única coisa que conseguiu falar.
- É. Estive
pesquisando bastante. Gosto do estilo das faculdades federais, o ambiente e o
incentivo que dão à pesquisa, artigos, ao seu crescimento e aprofundamento,
sabe? Fora que além de ser de graça, é bom o peso desse nome “federal”.
- Mas que
curso?
-
Engenharia. A princípio, a que mais me interessa é a civil.
- Você sabe
que precisa de uma nota alta, né?
- Acho que
fui bem, não sei se o suficiente, por isso estou considerando ir para outros Estados.
- Então
parece que se decidiu mesmo...
- Sim! –
Sorriu, aliviado.
- Mas e seus
pais, o que acham de você ir para outro Estado?
- Eles apóiam,
confiam em mim, sabem que não vou fazer besteira e acham que vai me amadurecer
ainda mais.
- Mas você
moraria onde? Republica? Não tem medo, não?
- Viver é isso
Manu, experiências novas. E sem dúvida, uma experiência única. Dependendo do
Estado tenho parentes, mas mesmo que não tenha, a gente dá um jeito.
Manu não
conseguia disfarçar sua decepção. Caio notou.
- Entendi...
– Ela falou.
- Mas calma,
são só possibilidades. Tenho que pensar sobre elas. Se Deus quiser vou ficar
bem aqui, no Rio de Janeiro, na UFRJ, bem pertinho de você. - Ela sorriu, sem
graça. Ele continuou - Eu sei que você não estava esperando isso. Mas eu
precisava conversar com você. Eu sei que estamos orando, mas eu acredito na
soberania de Deus.
- Como
assim? – Manu estava fragilizada.
- Eu tentei
falar isso de forma natural, pra não te assustar, mas parece que não foi uma
boa idéia. Desculpa, parece meio frio, né? – Manu balançou a cabeça
concordando, ele segurou suas mãos, sentado de frente para ela, no pátio da
escola. – A verdade é que meu coração aperta só em me imaginar longe de você.
Sinceramente, parece que é algo que não tem cabimento. Mas eu tenho que ser
realista e avaliar as opções que tenho, o que realmente quero.
- Não, você
esta certo. – Disse Manu, tentando se convencer disso. – Mas não é só federal
que é boa. Tem muitas particulares boas também. É só escolher bem.
- Eu sei.
Mas tenho orado bastante sobre o assunto, pra Deus me dar uma direção, e tem
ardido no meu coração um desejo grande de fazer federal. Só que isso não é um
ponto final entre a gente. Como disse, creio na soberania de Deus. Minha mãe
sempre fala que quando algo é de Deus as coisas se encaixam, se realmente for
de Deus nosso relacionamento, tenho certeza que vai dar certo. Vai ser mais uma
confirmação.
- Mais uma? –
Manu estranhou.
- Parece que
a cada dia que estou com você vejo coisas quem confirmam nosso namoro. – Ele olhou
fixamente nos olhos de Manu, que mal piscava - E o mais legal é que apesar disso
me deixar muito feliz, eu tenho paz, não tenho pressa. Tenho plena convicção
que vai acontecer na hora que tiver que acontecer. Então quero que relaxe,
vamos fazer nossa parte e confiar em Deus!
- É... – Ela
olhava cada traço do rosto de Caio, decifrando as emoções que transparecia - Você
tem razão. Obrigada por ser sincero comigo. – Ela abriu os braços e ele a abraçou
de imediato. Era tão confortante que ela suspirou profundamente.
Essa
sensação de “possível perda” dava um arrepio e um aperto no peito que Manu
nunca tinha sentido, por alguns momentos o chão parecia ter sumido. Mas ela
usou sua fé para lembrar que Deus sempre seria seu chão, mesmo que Caio fosse
embora. Caio ir embora?! Manu precisava se acostumar com aquela possibilidade,
toda vez que pensava nisso, por alguns segundos lhe faltava o ar, ela fechava
os olhos com força. Caio estava perto dela, mas nunca pareceu tão inalcançável,
como se ela não fosse capaz de impedi-lo. Como areia que escorre pelos dedos e
você não consegue conter. Manu olhou para ele mais uma vez percebendo o
significado que ele ganhara em seu coração, da maneira que ele a conquistara e
como Deus precisava ajudá-la a encontrar o equilíbrio disso “o mais rápido
possível...”, pensava consigo mesmo.
Continua...
Esse casal 😍
ResponderExcluirQuando sai o proximo capitulo??? 😊