A menina do cabelo azul [12] - Não enche!

- Pietra, Pietra? Terra chamando Pietra!

Manu estava na sala com Pietra e Caio, a professora estava entregando as provas corrigidas de matemática. A prova tinha sido muito difícil, a maior parte da turma tinha ido mal. Mas Pietra parecia nem pensar nisso.

- O que foi?

- Tudo bem?

- Sim, só estou pensando.

- Ah para, mentir pra mim Pietra, sério mesmo?! – Manu falou.

Pietra coçou a cabeça, incomodada em falar do assunto, mas admitiu:

- É o meu boy.

- O que tem?

-Às vezes parece que ele esta escondendo algo de mim. Sei lá. – Disse com o ar desconfiado.

- Escondendo?

- É, quando chego perto do celular dele, ele fica estranho.

- Caio! – A professora chamou Caio para buscar a prova.

Caio levantou pra buscar e voltou com cara de espanto.

- O que foi? Foi bem? – Manu indagou.

- Cravado, tirei 7!

- Foi bem, tirei 5. – Falou Pietra sem demonstrar grande preocupação.

- E tu fala com essa normalidade? – Estranhou Manu, Pietra amava notas altas. – Você não esta bem.

- Olha! A professora vai corrigir na lousa! – Apontou Caio.

Todos viraram pra frente para acompanhar a correção.

- Tirou quanto amiga? – Perguntou Pietra.

- 7,5!

- Foi a melhor da sala! – Elogiou Pietra – O que foi Caio? Que cara é essa?

Caio estava com a testa franzida, analisando a prova com atenção.

- Acho que a professora corrigiu a prova errado. Eu não tirei 7, tirei menos.

- E o que vai fazer?

Manu ficou quieta, queria observar a reação dele.

- É, acho que vou falar com ela.

Um menino que estava sentado perto dele ouviu tudo e falou:

- Tá maluco cara? Quem dera que a professora tivesse errado a correção da minha prova!

- É, mas de 2,5 para 7 só um milagre, né Fernando? – Falou Manu cutucando.

Caio riu e levantou. Ele foi falar com a professora.

- Ele não é transparente comigo. – Admitiu Pietra ainda pensando em Carlos.

- Vocês estão praticamente namorando né?

- Ah amiga, não sei.

- Vocês agem como namorados?

- É, sim. As coisas foram acontecendo, já faz semanas que a gente se conhece né?

Caio voltou e sentou em seu lugar.

- E aí?! – Manu não segurou a curiosidade.

- Pela minha honestidade ela deixou 7 mesmo. Ela que falou.

- Poxa, que bacana! Feliz por você! Parabéns pela atitude! – Manu tentou segurar o orgulho.

- A honestidade é sempre a melhor escolha. – Caiu falou acanhado.

- Pena que nem todo mundo pensa assim. – Comentou Pietra.

- O que foi Pietra? – Caio não sabia do que se tratava.

- Nada. Só pensei alto.

Caio continuou:

- Pode parecer bobeira ou algo pequeno. Mas eu não ficaria em paz.

- Eu entendo Caio, não fica envergonhado. Você que está certo. Isso é mais que honestidade, é temor a Deus.

- E caráter. – Manu lembrou de Amanda na hora.

Todos olharam, era a professora, orgulhosa.

- Estou aqui não apenas para ensinar matemática para vocês, mas para formar pessoas melhores. E ao longo da vida, a segunda opção é mais importante que a primeira.

Ela sorriu e foi para o quadro.

Manu chegou perto de Pietra e a encarou.

- Tá bom, já entendi. Falta de honestidade e transparência são falhas de caráter. Mas talvez tenha sido impressão minha, não posso acabar com tudo só por causa de um achismo meu.

- Miga, o caráter se revela nos detalhes. – Manu foi enfática.

- Porque lhe é conveniente, né? – Pietra se irritou.

- O quê?!

- É fácil falar isso já que com você esta dando tudo certo.

- Nega, sou sua amiga, estou tentando te ajudar.

- Só apontar os defeitos do meu namoro não ajuda. Você nem conhece ele pra falar.

- E você quer o quê? Que eu sente na primeira fileira e aplauda?

- Quer saber? Não quero mais nada! – Pietra levantou, pegou suas coisas e saiu. A aula tinha terminado. Caiu olhou para Manu que não acreditava no que tinha acabado de acontecer.


Continua....