A menina do cabelo azul [23] - Praticamente um poste!

- Olá meninas, acabei de sair da escola, me esperaram pra comer né? – Falou Manu, cumprimentando Lilli e Amanda. Elas tinham combinado de almoçar juntas.

- Claro! – Amanda sorriu, simpática. Elas já tinham escolhido a mesa, estavam sentadas só aguardando Manu.

- Ai, vocês não sabem. Aconteceu algo tão fofo na escola hoje. – Manu estava feliz.

- O quê? – Lilli falou curiosa, enquanto ajudava a prima a colocar a mochila na cadeira.

Manu sentou e respirou fundo, meio envergonhada e empolgada ao mesmo tempo.

- Eu e o Caio somos muito amigos. E tipo, nossa amizade é tão gostosa... Hoje estávamos falando sobre Deus e foi tão lindo. A gente tem a mesma visão, os mesmos interesses, o mesmo sentimento e paixão por Deus. Há uma sintonia sabe? Uma ligação. Ele me entende, na intensidade e significado que algo tem pra mim, é super parceiro. – Manu deu uma pausa, sorrindo satisfeita - Eu já sei o que ele quer dizer antes mesmo de acabar a frase. E só pelo olhar a gente se entende. Podemos conversar de tudo. É tão bom isso!

Lilli e Amanda olharam uma para outra rindo, com cara de quem sabia algo importante.

- Que bom nega! – Lilli comentou.

- O que foi? Vocês estão com uma cara engraçada.

- Bom, é que o próximo passo era esse. – Amanda comentou.

- Esse qual?

- Saber se ele é seu melhor amigo.  – Manu ficou surpresa - Todo relacionamento tem que ter como base a amizade. A amizade é a essência de um grande amor.

- Relacionamentos por interesse ou aparência não duram muito. – Lilli completou - A amizade e o amor é o que deve unir o casal. Porque só amor, sem amizade, não adianta.

- Amizade é saber lidar com a pessoa, e o amor não dura senão souber lidar. – Amanda concluiu.

- Bom, acho que esta bem claro que ele é meu melhor amigo! – Manu falou.

- Sim, sem dúvida – Amanda olhou para Lilli. - Então vejamos, já vimos o passo um, ser um homem de Deus. Passo dois, ter caráter. Passo três, ser esforçado. E pelo que entendi das vezes que nos falamos, ele passou com louvor, né?

- Com certeza!

- Beleza! Passo quatro, ser seu melhor amigo. E agora vamos para o cinco, saber se ele é maduro!

- Maduro? – Manu estranhou.

- Minha filha, imaturidade me dá até arrepio. – Brincou Lilli – Já tive um mala assim na minha vida, nosso namoro acabou por causa disso. Oh, cara infantil! Foi antes de entrar na facul, Deus me livre!

- Maturidade é super importante Manu. Caras infantis encrencam por qualquer coisa, são muito ciumentos, muito bobinhos, uns argumentos fracos, bem egoístas. Quando cismam com algo, só Deus na sua vida! No começo do namoro, muitas vezes não parece sabe? Mas as situações revelam fofa. Ah, se revelam! – Amanda explicou.

- Inclusive, revelam antes do namoro, na amizade. Depois que terminei com o nojento, percebi quantos sinais ele deu dessa imaturidade na amizade. Já era um bebezão! – Lilli reclamou.

- Homem demora mais a amadurecer, não tem jeito. – Amanda admitiu - Estou na faculdade, namoro há um tempo e de vez em quando meu namorado dá uns moles. Mas isso até a gente né Manu? Somos jovens, é normal de vez em quando. Ainda mais vocês que estão saindo da escola agora.

- Acho que você já deve esperar uma coisa ou outra dele mesmo. Mas ver se ele, de modo geral, tem uma cabeça boa. Não implica ou fica lamentando por qualquer bobeira, se faz caso por pouca coisa. Como reage a um “não dá”, a quando as coisas não são como ele quer.  – Lilli falou.

- Acredito que situações difíceis ou diferentes mostram muito dessa maturidade.

- Entendi. – Manu estava pensativa, ouvindo tudo e pensando em Caio. Em como ele era, se era imaturo ou não. Nos sinais. – Mas e se ele for, é motivo pra acabar esse propósito?

- O que acontece Manu, tem cara que tem seus traços de imaturidade, mas tu vê que quer melhorar. Que pede desculpa, que se esforça. Aí sim, ok! Mas tem caras...

- Que são praticamente um poste! – Lilli interrompeu Amanda, todas riram – Os anos passam e o dito cujo é a mesma tragédia, não muda, não sai do lugar. E a mulher fica como? “Ah, ele vai mudar, um dia ele vai mudar”. Colocam a emoção acima da razão. E passam anos com aquele “atraso de vida”. É claro, se tu casou com o atraso, aí tu tem que lutar até “adiantar”. Mas se tu só namora, promove o cara a astronauta e manda para o espaço.

Amanda e Manu olharam uma para outra e caíram na risada.

- Gente, essa garota existe? – Manu disse.

- E é tua prima! – Amanda acrescentou.

- E tem mais, fofas! Cara imaturo é muito instável. Uma hora ele quer algo, outra hora não é bem assim. Aí tu se planeja, se decide, e ele volta atrás. Fora que tem certas coisas que ele não entende. Não adianta, tu pode explicar dez vezes, ele não entende. Mas nem é por mal, a cabeça dele não atinge tal entendimento, é uma mentalidade fraca ainda.

- Nossa, esse lance de imaturidade é sinistro! – Manu falou.

- É complicado mesmo. E consertar um cara assim é difícil. Só se ele quiser. Muitas vezes, eles nem percebem que precisam. Mas Manu, pelo o que você conta, o Caio parece ter uma cabeça boa. É só confirmar! – Amanda finalizou.

- Mas por exemplo, a Lilli – Manu brincou – Ela é madura?

- A Lilli é um caso especial. Traços de loucura se confundem com imaturidade. Mas por trás dessa capa de doidona, ela é madura sim. – Amanda respondeu brincando. – É só um disfarce.

Lilli fez uma cara de desconfiada levantando a sobrancelha, fingiu não ter ouvido e retrucou:

- Bora pedir a comida, porque esse papo me dá até fome!

As meninas pegaram o cardápio e ficaram escolhendo o que pedir. Manu ainda estava pensando em toda aquela conversa, será que Caio era maduro mesmo?

Continua...