segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A menina do cabelo azul [20] - À flor da pele...








- Nega, já passou da hora de você se abrir comigo. Até quando isso vai continuar? – Manu indagou a amiga enquanto iam para a educação física.
Pietra olhou para ela de forma seca.
- Já passou da hora de você parar de perguntar sobre isso Manu, isso sim.
- Você não é mais a mesma Pietra, só anda triste, séria. Estou preocupada. – Deu uma pausa, pensando no que falar e continuou - E Carlos, como esta reagindo?

- Ele não entende muito bem, pra ser sincera, esperava mais dele. Mas deixa isso pra lá.
Elas caminharam em silêncio para a quadra. Pietra ainda estava muito ferida. Era difícil esquecer, lidar, engolir aquela situação. Fingir que nada aconteceu não estava adiantando. Ela se sentia frustrada.
Sem a mínima vontade, elas foram jogar vôlei. Na segunda rodada, distraída, Pietra não percebeu a bola vindo em sua direção e levou uma bolada no rosto. Ela se assustou e deu um pulo para trás. Todos se preocuparam, perguntando se estava bem, seus olhos se encheram de lágrimas. As emoções dela estavam à flor da pele. Ela não agüentou, olhou todos em volta e saiu correndo da quadra. Entrou pelos corredores da escola, chorando. Manu foi atrás, mas não sabia para que direção ela tinha ido. Pietra estava tão machucada que ao correr parecia que corria mais da dor do que das pessoas. Totalmente perdida. Foi quando trombou em alguém.
- Ai! Que isso?! Que isso, meu Deus?! - Disse irritada.
Era Carlinhos. Pietra mal o reconheceu, ele não estava com suas costumeiras roupas largas, seu moletom de sempre. Estava com uma regata soltinha e short, todo suado. Ela não conseguiu não reparar em como sua barriga era sarada e malhada, seus músculos bem torneados. Ela não esperava isso. 
- Carlinhos? - Disse com espanto.
- Desculpa Pietra. Desculpa mesmo, te machuquei?
- Não... - Ela não conseguia disfarçar a surpresa.
- Você esta legal?
- Mais ou menos.
- Estava chorando?
- Estou um pouco confusa. Devem estar procurando por mim, mas não quero ser achada. - Falou cruzando os braços, incomodada.
Carlinhos fez um olhar carinhoso, ele tinha o coração mole, ainda mais quando se tratava de Pietra, tinha algo nela que mexia com ele.
- Eu posso te ajudar. Essa é uma das poucas vantagens de ser antissocial. Sei um lugar tranquilo. Vem cá!
Ele pegou na mão de Pietra e começou a levá-la a algum lugar com pressa. Enquanto ele ia a sua frente, Pietra estava abismada com seu porte físico, ele também estava sem seus óculos “de nerd”, como ela chamava, destacando seus olhos claros, que ela nunca tinha notado.
- Aqui! Chegamos!
- Onde estamos? – Pietra começou olhar em volta, estranhando o caminho que fizeram.
- No meu refúgio.
Eles estavam no segundo andar, de frente para uma bela paisagem, em um dos corredores mais escondidos da escola.
- Você é bom nisso. - Ela se encostou na mureta para olhar a paisagem. – Nem sabia que esse lugar existia. E a vista daqui é muito bonita.
- É por isso que gosto daqui. - Ele falou atrás dela.
Ela olhou de canto de olho e viu que ele estava tirando a camisa, cheio de calor. “Meu Jesus amado!”, ela passou a mão na testa, nervosa.
- Então, por isso não te vejo sempre, você esta aqui. – Concluiu Pietra e se virou. Deu de cara com Carlinhos. Eles estavam muito próximos, se olharam nos olhos e ficaram tímidos, em silêncio. Pietra ficou congelada, olhando seu rosto.
Ele se afastou, acanhado e respeitoso. A distância permitia que Pietra o visse de corpo inteiro, ela tentou olhar para o chão, mas não conseguiu não olhar a definição de sua barriga e de seus músculos, até sua perna era malhada. Ele notou e disfarçou, pegando a camisa para colocá-la. Enquanto a vestia, sorriu de canto de boca. Não estava acostumado com isso, mas não negava, gostou da curiosidade de Pietra, que no momento, lutava para achar algo interessante na parede, no chão, no teto. Mas era espontânea, se não fosse, não era ela...

Continua...

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