segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A menina do cabelo azul [16] - Não é possível!



- Oi Manu, tudo bom? – Caio atendeu o celular.
- Você pode me socorrer?
- O que houve?
- Estou aqui na entrada do salão de festa cheia de sacolas, vem me ajudar!
- Ah, claro! Estou indo.
Caio que já tinha chegado, correu para ajudar Manu. Era de manhã ainda, dia do noivado.
- Quanta coisa!
- Quero caprichar, Vanessinha merece, é um amor de pessoa.
- Não lembro de tu falar dela.

- É que agora ela mora em Nova Iguaçu, difícil a gente se ver. Mas ela cresceu aqui na Ilha do Governador.
- Entendi. E Pietra?
- Na Penha.
- Não Manu - Ele riu – Onde esta Pietra?
- Ah, ta. Acredita que acordou só porque eu liguei?
- A cara dela, dorme mais que a cama.
Eles entraram e Caio voltou ao trabalho. Manu ficava observando toda hora. Ela não conseguia disfarçar a curiosidade e interesse em tudo que ele fazia.
- Eita Deus! Depois fica com torcicolo e não sabe por quê. – Pietra chegou.
- Menina, não é que ele é esforçado mesmo? Não para!
- Que bom!
- Caraca, dá pra ver pela postura, sabe? Isso é tão bom.
- Show nega, fico feliz por você. O que posso fazer pra ajudar?
- Caio já distribuiu as mesas, tu pode colocar os vasinhos de flores? Só que tem que fazer os lacinhos de fita, esqueci de fazer.
- Beleza.
Manu pegou o celular e colocou sua playlist favorita, ela vivia a base música. As duas ficaram cantando e fazendo as coisas. Caio de longe, pela janela da cozinha a observava, sorrindo. Fazia cara de bobo enquanto lavava alguns materiais na louça. Ele adorava o jeito dela, seu cabelo azul enrolado em um coque despojado e soltinho. Ela estava de short jeans rasgado e blusa listrada branca e vermelha, bem a vontade. Corria pra lá e pra cá descalça, seu pé estava preto, parecia uma criança. E ela nem ligava, cada detalhe que dava certo vibrava com Pietra. Era simples e isso o cativava sobremaneira.
Manu olhou para o lado e viu Caio olhando pra ela. Sorriu sem graça.
- Vai lá conversar com ele um pouco. É só falar a próxima coisa que eu faço. – Pietra incentivou a amiga.
- Tá bom. Vou rapidinho. – Manu olhou em volta para lembrar – Pega aquela caixa de fotos, e faz um coração naquela parede com as fotos, igual te mostrei outro dia.
- Que brega, é tão clichê.
- Mas a noiva pediu, eu só obedeço.
- Não tem bom gosto... Até mesmo porque, quem escolhe laranja para um noivado?
- Para de reclamar sua boba!
- Tá bom, tá bom.
Pietra pegou a caixa e foi em direção a parede. Manu foi falar com Caio, cheia de vergonha. Os dois conversavam em tom de paquera.
Pietra olhou e balançou a cabeça “esses dois não tem jeito. São um grude!”. Quando ela pegou as fotos para começar colar, congelou. Não acreditava no que seus olhos viam. Deu um grito e deixou a caixa cair.
Manu e Caio se assustaram e correram para a amiga. Ela se abaixou e começou olhar as fotos, pasma. Sua testa estava franzida. Eles nunca a viram assim. Ela parecia não se convencer, olhava cada vez mais fotos e lia em seus versos as datas de cada uma. Ela ficou alguns minutos assim, sentada no chão, rodeada por fotos e agoniada. Aqueles instantes pareciam eternos para Manu e Caio. Eles estavam sem reação.
- Não é possível. Isso não pode ser verdade! – Pietra finalmente disse algo.
- Pietra, você esta começando a me dar medo. O que foi? – Manu estava preocupada.
- Qual é o nome dos noivos?! – Perguntou bastante alterada.
Manu segurou na mão de Caio.
- O que esta acontecendo Pietra? – Caio falou.
Pietra correu até as lembrancinhas, rasgou a sacola, pegou a primeira que viu e leu os nomes.
- Não é possível!

Continua...
(Não me matem, rsrs. Sai quarta!)

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