quarta-feira, 23 de novembro de 2016

A menina do cabelo azul [19] - Você é péssimo!




Elas foram e quando estavam quase chegando, o rapaz que falou com Caio mais cedo, passou por elas na direção contrária. Manu ficou ainda mais atenta. Cheia de desconfianças, virou a esquina para sacada e viu Caio, sozinho, segurando um belo buquê, totalmente atrapalhado. Ele tentou agir com naturalidade quando a viu, mas era nítido, não conseguia. Manu sorriu, empolgada, e olhou para Pietra.
- Surpresa...? – Caio falou, inseguro. Manu arregalou os olhos. – O Ricardinho me deu uma força. – Falou olhando pra baixo.

Ricardinho era o menino que tinha passado por elas. Manu suspirou aliviada, entendendo a situação. O buquê exalava presença e beleza, suas flores eram rosas com pequenos ramos de flores amarelas e folhagens variadas, envoltos em um papel branco rendado e um grande laço azul bebê. Manu se aproximou para pega-lo, tentava transparecer serenidade, mas por dentro mal acreditava, estava radiante e nervosa.
- Gostou?! – Caio perguntou. Seu semblante transbordava ansiedade.
- Claro, eu nunca tinha ganhado flores, é demais! – Manu mordeu os lábios.
- E tem mais...
Meio trêmulo, ele pegou uma caixinha na mureta. Parou na frente de Manu e respirou fundo, estava preocupado se ia acertar em sua escolha. Manu estava mais a frente de Pietra, perto dele. Ambas fixaram seu olhar no presente, com curiosidade. Devagar, ele abriu a caixinha. Era um relógio de marca, com detalhes em strass, bastante delicado e, dourado.
- Dourado?! – Pietra, que estava em silêncio, não se conteve.
Caio, meio nervoso, explicou:
- Sim, já notei que toda vez que vamos ao shopping Manu paquera esse relógio, então juntei minhas economias e comprei.
Manu ficou sem graça. Pietra se aproximou, olhou com atenção e falou:
- Ela paquerava o relógio do lado, o prateado. Manu não usa nada dourado Caio, nunca notou?
Caio olhou para Manu e viu que seu colar, seus brincos, suas pulseiras eram todas prateadas. Não acreditou que esqueceu disso.
- Que isso Pietra? Como você fala isso? – Manu reclamou, constrangida.
- Tá bom, tá bom. Desculpa, vou para a sala, depois a gente se fala.
Ela saiu, percebendo que tinha falado demais. Manu olhou para Caio e tentou consertar a situação.
- Olha, não liga pra ela, tudo tem uma primeira vez, e esse relógio é bonito sim. Vou usar com gosto.
- Se quiser, a gente troca. – Caio estava sem graça.
- De forma alguma. Você esta me fazendo olhar o dourado com outros olhos. – Ela sorriu, olhando-o com carinho.
- Ufa, que bom... – Coçou a cabeça, aliviado.
- Só que... tem uma coisa que não entendo. Por que esses presentes?! – Manu não fazia idéia.
- Ué, hoje é dia 16 de outubro, seu aniversário! Você deve ter estranhado que eu não falei nada o dia todo, mas era por causa disso. Parabéns! Eu não esqueci! – Sorriu largo, bastante simpático.
- Caio, meu aniversário é 16 sim, mas de novembro.
Caio se assustou e ficou sem reação:
- Sério?
- Sim. – Manu confirmou, com dó.
Caio parecia que ia explodir por dentro, ficou vermelho, não conseguia olhar para ela. Por uns instantes parecia sem rumo.
- Não sei nem o que dizer...
Ele colocou as mãos nos bolsos da calça e sorriu, extremamente envergonhado. Só que para Manu, dessa vez, esse sorriso surgia com um brilho como nunca antes percebera, seu coração, descompassadamente, acelerou. Seu rosto corou. Ele fazia um semblante tímido covardemente fofo, Manu o admirava, encantada com o afeto que via em seu olhar, que não desviava do seu. Isso a atraiu muito, de um jeito que ela não achava ser possível, “Qual é? Ela era a menina do cabelo azul! Independente, cheia de atitude!”, mas não naquele momento. Ali, era só a Manuela.
- Você é péssimo para fazer surpresas Caio Pereira, péssimo! – Ela pausou observando-o. Ele olhou para o lado, acanhado – Mas pra mim, não podia ter sido melhor. – Ele voltou a olhar pra ela, surpreso e feliz - A expressão que você fez quando percebeu que se atrapalhou todo, vou guardar para sempre na minha mente, nunca vi nada mais fofo. – Ela colocou a mão no rosto dele - Eu amei... Amei o que você fez, seu esforço, seu carinho e principalmente o jeito que você me olha.
- Sempre te olhei assim, você que nunca tinha notado... – Ele pegou a mão dela e beijou.
Manu recostou sua cabeça no peitoral de Caio que a abraçou confortavelmente. Ela sentia uma sensação de satisfação tão gostosa, fechou os olhos e aproximou o buquê de seu rosto enquanto aproveitava o momento. Eles ficaram abraçadinhos sem falar nada. Uma brisa leve acariciava os pretendentes, Manu nunca desejou tanto que Deus confirmasse logo. Mas só de tê-lo assim, já a enchia de plena gratidão. Ela sentia no seu coração a benção de Deus, sentia que faltava pouco... sentia paz.

Continua...

5 comentários:

  1. Que lindo ❤❤❤❤ essa historia a cada capitulo fica mais bela Kel parabens...

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  2. Simplesmente apaixonante <3 #ansiosa

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  3. Chorei aqui. =/

    ''Manu nunca desejou tanto que Deus confirmasse logo'' to na mesma situação. Apesar de que Ele já deve ter me respondido e eu to aqui burgando, com medo de entender errado. rs

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