A menina do cabelo azul [8] - Elas chegaram!

- Então você é a melhor amiga da Lilli? A famosa Amanda!

- E você é a Manu? A menina do cabelo azul! – Amanda cumprimentou Manu.

Lilli era prima de Manu. Se você acha Manu diferente e espontânea, não viu Lilli. Ela era especialmente única, agora isso pode não fazer muito sentido pra você, mas acredite, você ainda vai entender. Amanda era a melhor amiga de Lilli, apesar de ter personalidades bem diferentes, não se desgrudavam. As três haviam combinado de se encontrar para conversar. Quando Manu comentou com Lilli que estava orando com um rapaz, Lilli a intimou a conhecer Amanda e ouvir algo que ela tinha a dizer. Parecia ser importante. Manu não se continha de curiosidade.

- Então, o que preciso saber? – Manu foi logo ao assunto.

- Calma priminha, queremos saber tudo! Como vocês se conheceram?

- E como é esse rapaz? – Amanda completou.

Manu contou tudo a elas.

- Uau! Que lindo! – Comentou Amanda. – Ele parece mesmo bacana.

- E precisa fazer essa cara de abestalhada? – Lilli perguntou para Amanda que deu um tapa em seu ombro. – Liga não Manu, Amanda é do tipo romantiquinha, aí houve uma história de amor e fica assim.

- Tu fala isso, mas só eu sei tuas histórias, vem não dona Lilli! – Amanda retrucou.

- O importante é não afetar a inteligência, né? – Lilli brincou.

Amanda a encarou, já acostumada com suas brincadeiras, e falou:

- A questão é a seguinte Manu, eu já cometi muitos erros, e juntando alguns conselhos que ganhei e tudo que aprendi criei os “sete passos”.

- Sete passos? – Manu ficou intrigada.

- Sim, sete passos para o cara ideal. É praticamente infalível! – Lilli enfatizou.

- Uau! Para quantas meninas vocês passaram isso?

- Você é a primeira! – Afirmou Lilli.

Manu começou a rir.

- Como é infalível, então?

- Filha, propaganda é a alma do negócio, se eu já te passar a idéia sem convicção como eu espero que você acredite?

- Em outras palavras Manu - Falou Amanda - esses sete passos foram muito bem pensados. E ao que tudo indica tem tudo pra dar certo. Minha história me levou a eles, sabe?

- Ou seja, você é nossa cobaia. Nosso experimento científico! – Falou Lilli fazendo cara de maluca.

Manu começou a rir. Amanda tentava manter a seriedade:

- Caraca, a Lilli faz palhaçada com tudo, mas o fato é que li muitos livros, vi várias pregações sobre assunto quando estava na minha fase bad, se é que você me entende, e o resultado foi esse! E eu acredito de verdade nisso!

- A questão é se você, primuxa azulada, topa?

- Primuxa azulada, Lilli? – Amanda reclamou.

Manu ria o tempo todo.

- Não vejo porque não.

- Beleza, temos algo aqui pra você.

Amanda puxou dois ingressos de cinema da bolsa e colocou na mesa da lanchonete que estavam.

- Dá uma olhada. – Falou Amanda.

Quando Manu leu os dados viu que era de um filme que estava em alta e os ingressos estavam quase impossíveis de comprar.

- Uau! Não creio! Caio vai pirar, ele fala desse filme há meses. Ele não conseguiu comprar os ingressos, quando foi já tinha acabado.

- Só que tem um detalhe, olhe a data. – Falou Amanda.

Quando Manu olhou era para domingo a noite, na hora do culto.

- Nossa gente!

- Isso é proposital, mas fica tranqüila, dá pra trocar depois. Nós conseguimos. – Falou Lilli.

- E o que vocês querem que eu faça com isso?

- Ora, mostre para o Caio e veja a reação dele. – Lilli falou como se fosse óbvio.

- Os sete passos são como uma lista de características que o cara tem que ter para ser o certo. Mas claro, sempre orando. Aos poucos vou explicando. – Amanda falou. – O primeiro passo é ver se ele coloca Deus em primeiro lugar na vida dele.

- Tipo um teste? – Indagou Manu.

- Também. E por enquanto, você só saberá esse passo. – Explicou Lilli.

- Por quê?

- Ora, porque não sei os outros!

Manu e Amanda riram.

- É que tem que ser assim mesmo Manu, quero que você o observe esses dias nesse sentido, com calma. Até se sentir convencida que Deus esta em primeiro lugar pra ele, que é um rapaz de Deus de verdade, temente, fiel. Não vou falar os outros por enquanto porque você pode se atropelar.

- Beleza, entendi. Só não entendi uma coisa. A Lilli esta super apoiando os “sete passos”, mas não sabe qual são eles?

- Filha, o nome disso é confiança. Confio nessa branquela. Eu falei que não queria saber até eu estar orando com meu boy, entende? Olha pra tu ver, deixei tu fazer antes de mim. Ai Pai, essa bondade não me cabe. – Lilli olhou para os céus com cara de pensativa.

- Como tu agüenta, Amanda?

- Vou te falar, ela é doida, mas os conselhos dela me tiravam da fase bad.

- Você é demais Lilli. Mas, enfim, eu topo, vou fazer isso e conto pra vocês!

Na noite anterior Manu orou pela situação e quando chegou na escola foi correndo encontrar Caio.

-Caio! Caio! Olha o que ganhei!

- O quê? Meu Deus, que empolgação!

Quando Caio viu os ingressos, ele arregalou os olhos já desconfiando.

- Não acredito! Aquela saga dos super-herois! Caraca, mas isso é pra você e Pietra ou nós?

- Nós!

- Uau! Nossa! Mas peraí.

Caio notou a data dos ingressos.

- É um domingo a noite.

- Como eu disse, eu ganhei.

- Poxa Manu.

- O que me diz?

- Sem chance. – Caio falou no automático.

- Você não vai?

- Vou trocar a igreja por um cinema? Ainda mais que é ceia. Um culto mega especial, de gratidão pelo maior presente que podíamos ganhar, a salvação. Não tem nem o que pensar. Desculpa.

Manu sorriu orgulhosa.

- Que cara é essa?

- Nada. Vou encontrar Pietra, depois a gente se fala.

Manu virou com um sorriso que não conseguia disfarçar. Caio perguntou, curioso:

- E você, vai?

- Não mesmo. Só queria ver tua reação. – Ela virou só o rosto, respondeu e virou pra frente.

Caio ficou olhando pensativo e surpreso.

Logo Manu encontrou Pietra que já veio arrancando os ingressos de Manu pra ver:

- Ah não, para! Como você conseguiu isso?

- Calma amiga, não se empolga, é para o domingo.

- Poxa.

- E por que esta com eles?

- Queria ver a reação de Caio.

- Ele topou?

- Não mesmo.

- Uau, show! Quer saber? – Pietra teve uma idéia e não pensou duas vezes - Vou fazer isso com o Carlos, o garoto que estou conversando. Vem cá! Vou ligar pra ele, vou colocar no viva-voz, não fala nada hein?

- Pode deixar!

Pietra ligou para Carlos que estava indo para o curso, ele já tinha terminado o ensino médio.

- Fala linda!

- Oi Carlos, bom dia! Desculpa ligar essa hora, mas tenho uma ótima notícia.

- O quê?

- Consegui dois ingressos para aquele filme que esta bombando!

- Dos super-herois? Aqueles que tu gosta?

- Sim!

- Ah linda, legal. Não gosto muito não, confesso.

- Poxa, que pena. Achei que você ia ficar empolgado.

- Desculpe. Mas quando é? Vou com você! Quem sabe acabo gostando?

- É no domingo, só que na hora do culto.

- Não tem problema não. – Ele nem titubeou.

- Não?! – Pietra se assustou.

- Claro que não, o importante é você! Tem culto todo domingo.

- Mas você não ia tocar no domingo?

- Eu digo que tava doente. Tranquilo.

- Você vai mentir? – Pietra estava chocada.

- O pessoal as vezes faz isso, pega nada.

- Olha, vou desligar agora pra ir pra sala, depois a gente se fala.

- Beleza, beijo princesa! Acordei pensando em você!

Pietra não estava acreditando. Manu falou:

- É, ele não é nada temente a Deus, você viu que mentir pra ele é natural? Fora que ele te colocou acima de Deus, de certa forma. Deus não esta mesmo em primeiro lugar na vida dele. Não que seja pecado ou proibido faltar ao culto, uma coisa é estar doente, ou viajando, ou até estudando para muitas provas. Mas assim, miga, que feio!

- Mas, as vezes, foi a criação dele, talvez ele precise de alguém pra dar um toque. Será que alguém já falou pra ele “Carlos, não faça isso, é errado! Pensa direito!”?

- Pó, ele vai a todos os cultos, houve centenas de pregações e precisa que alguém diga que mentir é errado?

- Ah amiga, vou tentar ajudá-lo.

- Se afasta desse cara Pietra.

- Você viu como ele é carinhoso? Tem um bom coração, só esta meio confuso.

- Confusa esta você...

Continua....