Manu tinha uma pele tão clara
quanto a de Caio, seu cabelo natural era loiro escuro. Ela era baixinha e tinha
um corpo que as pessoas consideram normal, sem ser magra demais, nem cheinha. Seus olhos eram lindamente azuis. Você
deve estar imaginando: “Meu Deus! A Manu deve ser linda! O Caio deve ser lindo!
Que casal perfeito!”. Perfeito para quem? Para os padrões? Vá além dos padrões!
Manu ia, com seu comportamento e as vezes até com suas roupas, totalmente de propósito e sem constrangimento. Caio entendia seu comportamento. Mas o que a fez ser assim?
- Pode falar, confia em mim.
- Eu confio. É que talvez você
nem imagine... - Respirou fundo e soltou o ar lentamente. - Eu tinha orelhas de abano, era gordinha e usava aparelho.
- Esta brincando!
- Sério. E isso tudo, somado, foi
um trauma muito grande na minha vida. A única coisa “bonita” em mim eram meus
olhos e meu cabelo. Mas sendo bem franca, as pessoas mal notavam. A não ser uma
vez, falaram que era um desperdício olhos tão bonitos em alguém como eu.
- Uau, que maldade!
- Você não viu nada... Eu era excluída, motivo de chacota por muitos anos na escola. Uma vez o menino mais gatinho da sala fingiu que gostava de mim só para me humilhar, todo mundo riu. Minha autoestima era péssima.
Vivia triste e deprimida. - Ela falava com uma tranquilidade e segurança que espantava Caio. Essas coisas pareciam não a machucar mais... Esse nível de maturidade era difícil de acreditar, mas mais chocante que ele, era que isso deveria ser o normal.
- Nossa, nunca podia imaginar.
Isso não se parece em nada com você.
- Pois é, fiz uma cirurgia para
corrigir as orelhas. Com o tempo tirei o aparelho. E teve uma época, por causa
da tristeza, que mal comia, aí emagreci muito. Fiquei bem mais magra que sou.
Sempre fui a psicólogas. Minha mãe fazia tudo que podia comigo, meu pai sempre
me abraçava e cuidava de mim, mas nada tirava o quanto me sentia inferior.
- Oh Manu, que chato!
- Mas esta tudo bem, superei
isso. - Ela deu uma grande sorriso.
- Eu notei! A pergunta é como?
- Como mais? Deus! Lilli, minha
prima, me falou dEle de uma forma que nunca tinha ouvido. Aquilo mexeu comigo.
A noite fui desabafar com Ele, mas eu mal conseguia falar, só chorava, aquilo
que sentia cortava minha alma. Era como uma faca enfiada. Mas eu me decidi, não
ia parar de orar enquanto Deus não me curasse daquilo. Lembro da história de
Jacó quando lutou com Deus. Foi uma noite longa, até que vi uma luz entrando no quarto,
pensei que estava amanhecendo, mas não era a luz do sol, era a luz de Deus. Eu
não conseguia abrir os olhos, mas senti um abraço, o melhor abraço do mundo.
Enquanto Ele me abraçava senti Ele arrancando toda mágoa, toda ferida, toda
dor, toda tristeza. Foi me invadindo uma paz e alegria que eu nem imaginei ser possível.
Só sei que acordei no meio da manhã assustada. Não lembro o que aconteceu
depois do abraço. Só sei que acordei outra pessoa. Eu descobri a verdade mais
libertadora do mundo.
- Qual?
- Deus me ama! - O brilho no olhar de Manu nessa hora era espetacular, a intensidade que ela passava em suas palavras arrepiavam Caio sem mínimo esforço - Essa frase parece
clichê, mas quando você a entende de verdade. Meu filho, não dá continuar o
mesmo! O amor dele é como um furacão, igual aquela música famosa. É maior força
que existe! Ele entra como tsunami na sua alma! Invade tudo, muda sua
estrutura, suas certezas mais íntimas, seus segredos e feridas mais profundos. Nada
resiste ao amor de Deus. Eu me senti amada como nunca, especial de verdade. Não precisava mais mendigar carinho, atenção, nem amor, eu tinha de sobra! E te pergunto, o que posso querer mais?
Se Deus me ama, pra que serve a opinião das pessoas? Como perder mais um segundo
sem sorrir e festejar isso?! Sem viver esse amor, Caio? É como um furacão!
Caio estava extasiado. A paixão, a sede, as verdades de Manu causavam um rebuliço dentro dele.
- A partir daquele dia, me
libertei de mim mesmo, e das pessoas. Mudei! Eu sempre amei azul e minha mãe deixou eu pintar meu cabelo! Pela primeira vez não tive vergonha de ser o que queria. – Fez uma
cara de sapeca e pausou – Depois fui para a igreja, quis Deus, quis conhecê-lo.
E arrastei meus pais junto. Não descansei enquanto eles não estivessem tão
apaixonados por Deus quanto eu estava.
- Caraca, estou sem palavras. –
Caio estava pasmo.
- Eu sai da figura de feia para a
maluquinha da escola. E sabe de uma coisa? Eu adoro! Descobri que o problema não esta em mim, Deus me fez assim, o problema esta nesse mundo doente! Ser diferente não é pecado, pecado é querer fazer as
diferenças que Deus nos deu se tornarem uma igualdade. – Deu uma respirada – Hoje olhos minhas fotos
antigas e me acho até fofa. Eu não era feia, meu preconceito que era.
- Cara, você existe mesmo?!
- Para com isso! - Empurrou Caio para o lado.
- É muito surreal. Você tem uma autoestima, felicidade, intimidade com Deus que parece outro patamar de realidade.
- É que eu cheguei no fundo poço
coleguinha.
- E por isso voa tão alto... - Caio constatou.
Manu desviou o olhar dele e atentou a sua volta, comtemplando a natureza, seu cabelo voava enquanto ela mexia os pés que não tocavam o chão. Caio a olhava com ar de admiração. Ela concluiu serenamente:
- Há um tesouro na dor.
Caio, impressionado, desabafou:
Manu desviou o olhar dele e atentou a sua volta, comtemplando a natureza, seu cabelo voava enquanto ela mexia os pés que não tocavam o chão. Caio a olhava com ar de admiração. Ela concluiu serenamente:
- Há um tesouro na dor.
Caio, impressionado, desabafou:
- Nunca conheci alguém como você.
- Nem eu alguém como você. Alguém
capaz de entender minha doideira.
Caiu balançou a cabeça em sinal de negação:
Caiu balançou a cabeça em sinal de negação:
- Eu te entendo o suficiente pra saber
que se tem uma coisa que você não é, é doida. Você não é nada doida. Pelo
contrário.
Manu sorriu de canto de boca, ele a conhecia muito bem. Aquela sensação de total transparência e sinceridade entre eles a agradava muito. Essa franqueza e honestidade revelaram a ela um caráter muito mais bonito que imaginava. E na boa, ela estava amando isso.
Continua...
Manu sorriu de canto de boca, ele a conhecia muito bem. Aquela sensação de total transparência e sinceridade entre eles a agradava muito. Essa franqueza e honestidade revelaram a ela um caráter muito mais bonito que imaginava. E na boa, ela estava amando isso.
Continua...
Quanta emoção, há um tesouro na dor com certeza, amei, esperando aciosamente parte 12, quando crescer quero ser como a Manu! ;D
ResponderExcluirQue lindo! *-*
ResponderExcluirHá um tesouro na dor, com certeza! <3
lindo!!!!!
ResponderExcluirHá um tesouro na dor <3
ResponderExcluirCaracolis não vejo a hora de sair a parte 12!!! Estou amando essa estoria e todos os ensinamentos por tras dela!!! Obrigada por proporcionar esses momentos!!!
ResponderExcluirLiinda historia, poderia fazer mais vezes muito edificante.
ResponderExcluircontinua ... ;)
Não sei que disser, estou sem palavras
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