quarta-feira, 29 de junho de 2016

A menina do cabelo azul [5]


- Os vídeos ficaram prontos, estão sensacionais!
Falou Caio enquanto ia para sala com Manu.
- Ai que lindo! Quero ver!
- Vou ver se dá pra colocar alguns no celular, aí trago amanhã.
- E o culto lá é que horas? - Manu estava animada.
- Oi? - Caio fez cara de espanto.
- O culto é que horas? Pra eu ir no domingo.
- Mas você já vai ver. - Caio tinha um plano e Manu ir no primeiro domingo não fazia parte dele. Mas como explicar isso pra ela sem contar o plano?
- Ué? Não posso ir? Ou... Você não quer que eu vá?

- Então, não é isso.
- Você acha que pessoalmente "já é demais", Caio Marques? - Manu ficou incomodada.
- Nada a ver Manu.
- O que é então? - Manu era um anjo, mas ela irritada, a baixinha dava medo.
- Não posso falar.
- Por quê? - O fuzilou com o olhar.
- É um plano que tenho...
Manu balançou a cabeça sem acreditar e saiu de perto. Pietra apareceu logo depois, chupando um pirulito e com seu estilo peculiar, calça skinning com alguns rasgos, tênis branco estilo skatista, moletom largo cinza e uma bandana amarrada como tiara com um laço pra cima.
- O que houve Caio?
- Manu quer ir a igreja no domingo, só que não é a hora ainda.
- E por que não seria? - Fez uma careta.
- Cara - Caio estava preocupado - Eu não posso falar, sério. Eu queria muito que vocês confiassem em mim.
- Só que Caio, pensa, é com a imagem dela que você esta lidando. O que você esta fazendo, sério mesmo, que não precisa da aprovação dela?
Caio ficou pensativo, realmente, ele não tinha olhado dessa forma.
- Vem cá!
Caio levou Pietra para o corredor e contou tudo a ela.
- Caraca! Vai ser show! Só dá um medinho né?
- Você esta falando isso porque ainda não viu os vídeos.
- Ansiosa! - Sorriu já imaginando como seria.
- Posso contar com você?
- Tá bom. - Pietra deu um toquinho com a mão em Caio. - Vou acalmar a fera.
Pietra foi e conversou com Manu. Pediu que a amiga confiasse nela e em Caio, que depois ela entenderia e valeria a pena.
- Dá um abraço, bicha brava gente! - Pietra abriu os braços puxando Manu para o abraço.
- Espero que vocês estejam certos...
- Mas a ideia é boa, até que ele não é burro.
Manu começou a rir.
- Como é que é? - Caio fez cara de bravo.
- Tú é bonito, ser inteligente é atributo demais ué?
Caiu fez careta e sentou perto de Manu.
- Desculpa o jeito de falar, eu entendo sua preocupação. Mas eu jamais faria algo pra denegrir você. Nem tem como, o que eu ia falar mal de você?
Manu fazia uma cara ainda séria e Caio a encarava sorrindo. Aos poucos o jeito dele foi fazendo ela ter vontade de rir. Estava difícil manter a pose, até que ela sorriu largo.
- Uau, agora sim. - Caio falou aliviado.
- Agora sim o quê?! - Manu perguntou provocando.
- O dia começou. - Ele riu de canto de boca e saiu



- Caio, estou sem palavras...
Manu estava com a mão da boca sem acreditar em quão bons eram os vídeos. Ela estava sentada com Pietra vendo, já estavam no terceiro. Caio, contente, acrescentou:
- E olha que nem viu tudo... - E não era pra ver mesmo, o último era especial. Tudo estava bem calculado. Até mesmo esses três vídeos que Manu viu, não era exatamente naquela edição que as pessoas veriam.
Os olhos de Manu estavam cheios de lágrimas, ela apertava a mão de Pietra, que também estava muito tocada. Manu não fazia ideia, nem um pouco. Caio para ela, não passava de um menino bonito. Pelo menos... até aquele instante.
A filmagem ficou muito profissional e respeitosa. Para preservar crianças, doentes, idosos, mendigos... ele não focava nos rostos. Focava em sorrisos, olhares, na mão de uma criança montando com dificuldade um brinquedo novo que tinha acabado de ganhar até um adulto da equipe de Manu chegar e ajudar. Ele focava nos abraços, nas lágrimas, na bagunça e união da equipe. Sensibilidade, foi isso que Manu viu. Caio colocou várias cenas emocionantes com a explicação amorosa de Manu e uma música linda de fundo. Enquanto as crianças vidradas riam vendo a peça de Ester, enquanto os velhinhos concentrados se ajudavam nas tarefas, enquanto a mãozinha com soro de uma criança do hospital era acariciada... Manu falava de amor, falava de Deus. 
O jeito que ele retratou tudo o que viveram naquelas últimas semanas chamou muito a atenção de Manu. Ele a entendia, em intensidade e tom. Captou a dedicação, o carinho, a importância, a beleza de cada momento exatamente como ela via. Não eram simplesmente as lentes de uma câmera, era a visão que Caio tinha sobre tudo aquilo que ela tanto amava. O coração dela estava acelerado. Ver aquilo e ainda saber que essa mensagem tão profunda seria passada a tantas pessoas, deixou Manu explodindo de felicidade. Ela deu o celular na mão de Pietra levantou rápido e abraçou forte Caio, que não esperava isso. 
Ele ficou paralisado. Pietra falou baixinho “abraça!”. Ele, com cuidado, foi envolvendo seus braços em torno de Manu. Parecia não acreditar. Quando a abraçou de fato, se emocionou. Seus olhos marejados tinham mais motivos para estar assim. Ele gostava dela de verdade. O simples fato de saber que fez algo certo e que isso finalmente a aproximou dele, o deixou tão feliz que seus olhinhos reluziam felicidade, brilhavam. Seu sorriso mal lhe cabia. Pietra vendo a cena e conhecendo ambos lados, nem sabia mais o motivo pelo qual chorava. Interessante que no final de tudo, toda aquela emoção, fosse uma ramificação ou ele puro, era amor. Bondade, afeto e amizade tem a mesma raiz...

Continua...
Espero que tenham gostado.
Beijinhos   

PARTE 1 - aqui!
PARTE 2 - aqui!
PARTE 3 - aqui!
PARTE 4 - aqui!

4 comentários:

  1. Amei princesa parabéns venha visitar meu blog http://mmeninasdatitude.blogspot.com.br/

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  2. Adorei Raquel, cada dia que passa seu livro vai ficando mais encantador. Me deu até vontade de pintar o cabelo de azul ^-^ ( minha cor favorita).

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  3. Ain o que dizer desse abraço... extremamente encantador

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  4. Demais.to amando ler esse livro
    P.s.preciso de um Caio

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